O que me levou a criar este blog foi a necessidade de
partilhar aquilo que tenho aprendido nestes últimos anos. Em Janeiro de 2010
decidi passar-me, definitivamente, para a equipa dos que não comem animais.
Para mim, nunca foi pacífico comer carne e peixe. Sempre me fez muita impressão
encontrar no prato coisas que me lembrassem que aqueles alimentos também tinham
família (veias, por exemplo). Na adolescência, quando comecei a ouvir falar de
vegetarianismo, achava que ser vegetariana não era para mim. Não porque me fosse
muito difícil não comer carne ou peixe, mas sim porque me era difícil perceber
como poderia ser vegetariana numa aldeia da Beira Baixa, lá esquecida entre as
serras, com uma família que me perguntava se estava a querer emagrecer ou se me
sentia mal, quando decidia que não queria comer o bife.
Felizmente, essa mesma família sempre me incentivou a comer
os alimentos deliciosos que a terra tão generosamente nos dava.
Na universidade, conheci, pela primeira vez, uma vegetariana
de carne e osso. Com ela, comecei a provar muitas delícias da gastronomia
vegetariana e, sobretudo, a aprender. Foi ela que me ofereceu o primeiro saco
de soja fina que tive em casa, em Julho de 2003.
Depois da aventura de fazer desaparecer um saco de soja fina
e de algum estudo, outro acontecimento, já em Julho de 2005, fez com que resolvesse apostar mais no vegetarianismo: o despedimento de duas amigas.
Explicando melhor: éramos sempre quatro à hora de almoço. O despedimento de
duas fez com que as duas que restaram fizessem outras apostas. Eu apostei na
marmita. Marmita vegetariana. Mas, nesta fase, ainda comia peixe.
O facto de trabalhar como revisora de revistas de culinária
deu-me acesso a bibliografia útil para o desenvolvimento dos meus conhecimentos
e serviu, também, para aprofundar o meu gosto pela cozinha.
De nariz torcido em nariz torcido em relação às minhas
escolhas alimentares, lá fui seguindo o meu caminho.
Em Novembro de 2005, troquei a minha redacção de revistas de
culinária por um trabalho em Timor. Segundo um amigo, iria gostar muito da
experiência, uma vez que havia muitos pratos vegetarianos por lá.
E Timor foi, de facto, decisivo. Para além de muitos
alimentos que em Portugal não existem e que adoro, como, por exemplo, flor de
papaia e de banana, ainda tive acesso à deliciosa comida vegetariana da marca
Sanitarium. Mas, eis que mais um desvio se aproximava: devido a doença, em
finais de 2006, e, por pressão médica, voltei às canjas e aos bifes de frango
grelhado. Foi um passo atrás para dar muitos à frente.
Depois de o meu médico de família me ter dito que não me
aconselhava a ser vegetariana, que tinha que comer carne uma vez por semana,
conheci, novamente em Timor, um médico que me disse que ser vegetariana era,
até, muito saudável. Era disto que eu precisava!
Com a ajuda dele, comecei a fazer o meu próprio glúten
(também conhecido como seitan) e maionese vegan, entre outras coisas. Depois
dele, tenho conhecido muitos vegetarianos, adultos e crianças, que seguem o
mesmo estilo de vida que eu e que comigo partilharam livros e documentários do
maior interesse.
Para além disso, estudo muito, pesquiso muito.
O meu objectivo é cozinhar da forma mais saudável possível,
dos ingredientes às técnicas. O que me inspira é a saúde das pessoas que amo. É
por eles que, tantas vezes, procuro alternativas. Quero conservá-los vivos e
com saúde durante muito tempo! E, não, não sinto falta da carne e do peixe. Também
já não compro ovos. E só os como quando não há outra hipótese. O mais difícil
de deixar foi o queijo que, confesso, como de vez em quando. Mas também há
muitos queijos vegan óptimos, e faço uns quantos diferentes.
Outra questão para mim importante é o bem-estar dos animais.
Gosto muito de animais! Ser do campo permitiu-me estar próxima deles e aprender
a amá-los. Sinto-me muito bem com a ideia de que não estou a contribuir para o
sofrimento deles.
Dito isto, espero que encontrem por aqui informação
interessante e receitas que vos ajudem a descobrir que os vegetarianos comem
muitas coisas diferentes e deliciosas!
Também aceito sugestões! J
Fico à espera de boas receitas! Aqui em Itália um senhor inventou o chamado 'muscolo di grano' (músculo de trigo), feito com farinha de trigo e lentilhas, pois teve que deixar de comer carne por razoes de saúde. Beijos vegetarianos e boa sorte com o blogue!
ResponderEliminarPaola
Querida Paola!
ResponderEliminarMuito obrigada pela tua mensagem e por tudo o que me ensinaste e ensinas!
Um abraço!